Partilho convosco uma notícia recente sobre a preparação do professores do 1.º ciclo para lidar com a adoção.
(In.: http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/16-08-2016/professores-primarios-pouco-preparados-para-necessidades-de-alunos-adotados)
Professores primários pouco preparados para necessidades de alunos adotados
Um
estudo desenvolvido pela Universidade do Porto mostra que os
professores primários têm falta de conhecimentos sobre a adoção e pouca
preparação para ajustar a prática pedagógica nas respostas às
necessidades das crianças adotadas
2016-08-16 11:49
Um estudo desenvolvido
pela Universidade do Porto (UP) mostra que os professores primários têm
falta de conhecimentos sobre a adoção e pouca preparação para ajustar a
prática pedagógica nas respostas às necessidades das crianças adotadas.
Este é um dos resultados obtidos pelo Grupo de Investigação e
Intervenção em Acolhimento e Adoção (GIIAA) da Faculdade de Psicologia e
de Ciências da Educação da UP (FPCEUP) no âmbito de um projeto onde
foram entrevistados cerca de 600 professores de 150 escolas do Porto e
de Coimbra.
De acordo com a coordenadora da investigação, Maria Barbosa-Ducharne,
pretendia-se perceber como a escola e a comunidade escolar se
posicionam face à adoção, centrando-se na figura do professor,
"significativa no seio das relações que as crianças desta idade
estabelecem".
"As questões relativas à legislação da adoção
constituem-se, para grande parte dos professores, um campo ainda
desconhecido, visto que as respostas às perguntas dessa natureza foram
sinalizadas de forma incorreta ou pela opção 'não sei' ", explicou à Lusa a investigadora.
Outro dos resultados indica que as professoras têm mais conhecimento
sobre adoção do que os professores e que os profissionais mais velhos e
mais experientes são mais conhecedores de alguns aspetos específicos
desta matéria.
Verificou-se também que não havia diferenças ao nível do conhecimento
sobre a adoção entre professores que já tiveram contacto com crianças
adotadas e aqueles que não tiveram, havendo, porém, diferenças quanto às
práticas pedagógicas utilizadas.
Apesar de estes profissionais terem, para os investigadores, "um
papel muito importante na facilitação da criança adotada na escola", os
dados indicam que "não estão mais informados sobre adoção do que o
público em geral", o que pode ser explicado pelo facto de não haver
formação específica nesta área.
Confrontados com uma situação deste género "os professores são
levados a procurar estratégias alternativas que possam ir ao encontro
das suas necessidades", ajustamento baseado na sensibilidade e na
experiência do profissional.
No âmbito de outro estudo desenvolvido pelo GIIAA, 125 crianças, com
idades compreendidas entre os oito e os dez anos, foram questionadas (em
casa) sobre o ambiente escolar e a forma como aí viviam o facto de
terem sido adotadas.
"Os resultados mostram que a experiência de ser
adotado, vivida na escola, é caraterizada tanto pelos sentimentos
envolvidos como pelo conforto na comunicação acerca da adoção" , referiu Maria Barbosa-Ducharne.
Segundo a investigadora, quando o contexto escolar é percebido pela
criança adotada como mais discriminatório em relação à adoção, falar
abertamente com os outros contribui para que ela se sinta menos triste,
com menos raiva, menos diferente e menos confusa sobre quem é.
O estudo comprova ainda que as habilidades sociais da criança são um importante fator de proteção desta vivência na escola.
No entanto, e apesar de os investigadores partirem do princípio de
que uma "comunicação aberta, sensível e flexível" em torno da adoção em
contexto escolar seja positivo para o bem-estar da criança, "isso não
acontece sempre da mesma forma para todas", optando algumas por não o
revelar.
"É fundamental uma mudança de atitudes", defendeu a coordenadora, de
forma a facilitar a integração e a aceitação e criar um espaço para
discutir, "em termos mais rigorosos", as questões da adoção.
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