quinta-feira, 21 de julho de 2016

Primeiros passos

E está dado mais um passo: entrevista social agendada.
Eu sei que é o início dos inícios, mas é alguma coisa!

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Ainda a espera


Para quem me «conhece» há mais tempo, não é segredo que temos uma história de infertilidade. Infertilidade inexplicada, para ser concreta - ou seja, muitas perguntas e nenhuma resposta. Esse caminho começou em fevereiro de 2012, quando decidimos começar a tentar engravidar e prolonga-se até hoje.
Quem passou por aqui sabe o que isso implica, o sofrimento físico e psicológico que causa e o tema subjacente e omnipresente da espera. A espera tornou-se o tom dos dias, mesmo quando muitas vezes nos esquecemos dela ou a enviamos para segundo ou terceiro plano e avançamos com a vida. Já há alguns anos que é assim: a espera reaparece em grande força durante um tratamento, entre consultas. Nos outros dias, esconde-se. Passados 4 anos e meio já não estamos à espera de milagre nenhum a cada mês - no início, a espera era constante. Depois houve as esperas pelos inúmeros exames e não só já fizemos todos os exames possíveis e imaginários (alguns dos quais verdadeiras torturas), sempre para ouvir que está tudo bem, como também já desesperámos em grande medida de algum dia saber a resposta. O jogo de esperança de que já falei aqui várias vezes pende agora claramente para a desesperança: muito provavelmente, nada vai acontecer naturalmente; a minha vontade de fazer tratamentos e a confiança neles anda pelas ruas da amargura. Todo o processo perde sentido e apetece-me realmente desistir e dizer que se tiver que ser, será, se não tiver que ser não será, e encerrar o capítulo que já é demasiado longo.
E eis que finalmente nos sentimos capazes de começar um novo capítulo, um «novo» projeto, que agora absorve os meus pensamentos e mantém a cor da espera: a adoção. Começo a achar que os anos de infertilidade foram o melhor treino possível para esta viagem: estamos habituados a esperar. Sabemos no que nos estamos a meter! E sei que esta é a fase mais «fácil» em que vai havendo novidades: o processo que avança, as reuniões, as formações. E sei que depois virá o longo silêncio e que a esperança e a espera vão voltar a colorir os nossos dias. Mas desta vez, acredito que haverá crianças à nossa espera. E é complicado pensar no que elas poderão estar a passar neste momento, sem nós, com pais negligentes ou maltratantes ou em instituições. E como crente que sou, vou rezando por elas, sejam quem forem, onde quer que estejam, para que Deus as proteja enquanto eu não as posso proteger, e para que não deixe que a vida as magoe demasiado até chegarem aos nossos braços.

terça-feira, 5 de julho de 2016

As causas dos números

Como comecei a avançar há uns posts atrás, os números que temos analisado explicam-se pelo facto de grande parte das crianças que são retiradas à família não terem definido um projeto de vida de adotabilidade.


Recomendo a notícia do Público, publicada aqui e que coloca um número concreto nessa afirmação: apenas 10% das crianças institucionalizadas têm esse projeto.
E quanto a mim, esse é o maior problema do sistema. A definição de um projeto de vida devia ser mais rápida. Cada ano que uma criança passa numa instituição à espera que haja uma definição do seu futuro é uma perda irreparável.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

O passo



Está dado!
Documentação entregue. Agora a nossa candidatura é oficial.
Pedi para falar com um elemento da equipa de adoção e fiquei a saber que o passo que se segue é a entrevista social, que provavelmente ainda será em Agosto.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Os números da adoção - uma reflexão muito particular


A análise dos números da adoção em Portugal acaba logo com alguns dos mitos sobre adoção. O primeiro: o de que há imensas crianças em instituições, à espera de serem adotadas. Não há. Na verdade há imensas crianças em instituições, à espera que o seu projeto de vida seja definido de vez. E isso dará azo a outro post.

O segundo - a ideia idílica do bebé recém-nascido que é entregue para adoção, que na verdade é praticamente um mito. E isto relaciona-se com a ideia acima. Porque até se chegar à decisão de determinar a adotabilidade daquelas crianças se espera, muitas vezes, anos, a maior parte das crianças adotáveis já são «demasiado velhas», pelos critérios da maior parte das pessoas que pretendem adotar.

E sim, também nós pertencemos ao extenso clube das pessoas que gostariam de adotar um bebé saudável (como qualquer casal gostaria, à partida de serem pais de um bebé saudável). Não temos critérios de raça nem de sexo. Mas ao olhar para os números, percebemos rapidamente que teremos pela frente uma espera interminável e que se e quando chegar a nossa vez, podemos ser demasiado velhos para sermos pais de um bebé. (By the way, fiquei surpreendida pelas idades da maior parte dos candidatos que foram connosco à formação. Nós éramos aparentemente dos mais novos, e mesmo assim já me estou a preocupar com esta questão!) Ainda estamos a definir entre nós a idade com que nos sentimos confortáveis, mas ambos preferíamos crianças pequeninas - porque ainda há tanto que se pode fazer em termos de intervenção precoce, porque estarão à partida menos marcadas pelo passado difícil que viveram (se assim não fosse não estariam em situação de adotabilidade) e por lealdades à família de origem que dificultam a vinculação, porque nunca fomos pais e gostaríamos de acompanhar esse processo desde o mais cedo possível.
Podem argumentar que as crianças mais velhas também precisam, ou precisam mais ainda, de pais e mães. Eu sei que sim. Mas este é um desafio descomunal. A parentalidade é sempre um grande desafio, e propormo-nos a um desafio que tem tudo para ser ainda maior é difícil e requer uma avaliação muito cuidadosa de quem somos, de quem poderemos ser como pais, e da nossa capacidade para lidar com essas adversidades. Não é algo que se deva fazer apenas na base da boa vontade. E com toda a honestidade, neste momento (ainda temos muito que refletir), não sei se somos as pessoas indicadas para dizer que sim a esse desafio.

Por outro lado, pertencemos ao clube não tão extenso das pessoas que gostariam de adotar irmãos. Bem sei que poderá ser difícil aparecerem dois irmãos pequeninos, mas é um critério preenchido por menos pessoas, até porque os critérios económicos também o dificultam. Isso dá-me alguma esperança de que haja um par de irmãos por aí, à nossa espera e que não demorem eternamente a chegar até nós.

Pessoas que adotaram/ estão a tentar adotar: como lidaram com os números? Como se posicionam face a eles?