quarta-feira, 21 de novembro de 2018

36 semanas e o hospital da Póvoa

Já estamos de 36 semanas e continua tudo a correr bem. Tem sido uma gravidez bastante boa - estou pronta para passar por isto outra vez (diz a infértil que demorou 6 anos a conseguir engravidar e que certamente não conseguirá passar por isto outra vez...).

Ora, respondendo à pergunta da My Little Fairytale, porquê o Hospital da Póvoa do Varzim - sim, esse mesmo, o público? Velhinho e com condições físicas... fracotas?

Bom, quando começámos a pensar no parto eu e o marido ficámos num impasse. Eu pensei inicialmente ir para o Hospital Privado de Braga, onde fui sempre bem acompanhada pela minha obstetra. Para o público de Braga, apesar das excelentes condições físicas, disse sempre que não ia MESMO - só numa emergência que não desse hipótese de escolha. Já ouvi demasiadas histórias que não me agradam nada e mais importante que as condições físicas, são os profissionais que se podem apanhar e o atendimento que se pode ter.
O marido não ficava muito confortável com a ideia de ir para o privado - havendo alguma complicação, é sempre mais seguro um hospital público, onde há neonatologia de plantão e todos os equipamentos e condições necessárias.
Além disso, e apesar de gostar muito da minha Obstetra, que foi um apoio fundamental ao longo de todo o processo e me tranquilizou imenso, no que toca a partos, houve alguns sinais de alerta. Quando falei de plano de parto ela não deu espaço para essa discussão. Quando falei de episiotomia ela também não se mostrou muito preocupada. Quando falamos numa evolução natural do trabalho de parto ela mostra não ser muito apologista... em fim, fiquei com a impressão de que no hospital privado teria um parto que seria acompanhado e confortável, mas que não seria aquilo que nós desejamos e defendemos.
E o que é que desejamos e defendemos - e encontrámos na Póvoa do Varzim (devia ser assim em todo o lado, mas infelizmente não é) - basicamente, o que a OMS preconiza:
 - um início do trabalho de parto tanto quanto possível natural, sem «toques maldosos», e induções sem motivo médico;
 - a possibilidade de discutir o plano de parto com a equipa e ver os meus direitos respeitados;
 - não me fazerem intervenções desnecessárias e muito menos intervenções sem o meu consentimento;
 - tempo para todo o processo, sem o apressar sem necessidade;
 - a liberdade de escolher a posição em que quero parir - nada de posição de «tartaruga de pernas para o ar» - as camas nem sequer têm perneiras. Poder usar o movimento ao longo de todo o parto e usar posições verticalizadas (banco de partos, bola, etc.) que facilitam imenso o processo;
 - fazer imediatamente contacto pele com pele com o bebé, dar de mamar na «hora de ouro», ter um acompanhante comigo o tempo todo, clampear tardiamente o cordão umbilical...
Em fim, ser respeitada e ter a minha filha respeitada em todo o processo.

Se pode ser diferente - claro que sim. O meu parto até pode acabar em cesariana e eu não me importo nada se for o melhor para a Rita e para mim. Mas sempre sabendo que as decisões são tomadas no seu tempo, se forem necessárias, e com o meu consentimento informado. Sabendo que serei uma participante e não uma espectadora do processo. Por exemplo, gosto imenso de saber que a taxa de episiotomia do hospital é de 7% - ou seja, só me será feita uma episiotomia se tiver mesmo que ser, nunca por rotina. Isso tranquiliza-me, mesmo que eu até possa vir a ser uma das 7%.

E a equipa - bem as enfermeiras parteiras que nos têm dado o curso de preparação para o parto são fantásticas. E o melhor é que tudo isto são procedimentos estabelecidos no hospital - ou seja, calhe quem calhar a acompanhar o parto, as directrizes são estas para todos. Claro que no hospital de Braga também haverá profissionais excelentes e que respeitariam isto tudo... mas infelizmente sei que seria uma questão de sorte e não de procedimento generalizado.

E agora, vejam lá a página do facebook deles: https://www.facebook.com/ObstetriciaCHPVVC/

Eu nem vou usar essa possibilidade, mas até preparação aquática, e trabalho de parto numa piscina são possibilidades, naquele hospital.

 Vi uma reportagem que falava de pessoas que vêm de propósito para a Póvoa dos Açores, do Algarve... e eu aqui tão perto. Tinha mesmo que aproveitar!

6 comentários:

  1. já tinha ouvido falar deste hospital... um dia gostaria de ter um parto o mais natural possivel...

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    1. Maria, ainda não tenho a experiência do parto em primeira mão, mas o acompanhamento que temos tido durante a preparação tem sido mesmo muito bom. Recomendo imenso.

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  2. Está quase quase!
    Não conheço o hospital da póvoa do Varzim mas sei que é famoso por respeitar as escolhas e as opções da parturiente durante o trabalho de parto. Conheço alguns testemunhos muito positivos de partos lá.

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    1. Que bom, Mia. Nós também temos encontrado excelentes testemunhos. Espero poder dar um testemunho igualmente bom muito em breve :)

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  3. Sem dúvida que termos direito a um parto humanizado, é o melhor que pode existir. Tive a minha Rita na MAC e, embora não tenha sido o parto com que sonhei, tudo foi feito de uma forma o mais humana possível, com um quarto que mais parecia uma suíte. Pelo facto de ter sido uma bebé grande, ao fim das imensas horas de trabalho de parto e ela ter começado a entrar em sofrimento, tivemos que avançar para o bloco cirúrgico e perante o meu desconforto em avançar para a cesariana, estando reunidas as condições de segurança para ela e para mim, avançou-se para parto com fórceps, mas que correu, apesar de tudo, lindamente. Não me livrei da episiotomia, mesmo assim, ainda lacerei um pouco, mas de facto, não havia outra hipótese. Fui muito bem tratada e isso é o mais importante.
    Vai correr tudo bem :)

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    1. É assim que penso - nunca estamos livres de precisar de outras intervenções, isso não depende só dos profissionais. Quando tem que ser, ainda bem que essa possibilidade existe. Mas é fundamental sentirmos que fomos respeitadas em todo o processo.

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